
Journey – Eclipse [2011]
Após um álbum que satisfez a maioria dos fãs (Revelation), mas soou um tanto quanto previsível a ouvidos mais críticos, o Journey está de volta com Eclipse, segundo álbum a contar com o filipino Arnel Pineda nos vocais. As prévias – incluindo cinco músicas tocadas ao vivo em shows, recentes, incluindo o Brasil – já apontavam para um disco voltado para as guitarras, com um clima mais sombrio. E a impressão se confirma durante a audição completa do disco, que conta com várias faixas que ultrapassam os seis minutos de duração. Aí que entra o lado polêmico da questão, já que os conservadores poderão ver um grande problema nessas novas investidas.
O play já abre com a ótima “City Of Hope”, misturando as tradicionais melodias com um groove de primeira, cortesia do ótimo baterista Deen Castronovo. Em “Edge Of The Moment” brilha a estrela de Neal Schon, guitarrista pouco reconhecido, mas um grande em sua função. Após uma intro climática, “Chain Of Love” ganha peso e vigor, embora peque na falta de uma melodia mais fácil. Hora do primeiro momento calmaria, com “Tantra”, que vai fazer o ouvinte lembrar algum som com a entrada de teclado bem lugar comum. Mas trata-se de uma bonita canção, com Arnel mostrando que sua missão é ser Steve Perry o máximo possível.
“Anything Is Possible” mantém o clima de calmaria, embora não seja uma balada. E aqui sim, temos melodia e refrão muito bem construídos, em um dos melhores momentos. Mas a coisa volta ao padrão comum em “Resonate”, que não chega a ser ruim, mas é totalmente sem graça. Uma introdução mesclando um violão doze cordas com a guitarra dá um clima todo especial para “She’s A Mystery”, que em sua parte final ganha uma injeção de peso, com belo riff de Schon. A coisa melhora de vez em “Human Feel”, Hard Rock dos bons, com uma levada explosiva, destacando a bela sincronia dos músicos.
Um sopro do passado surge em “Ritual”, com seu estilo festeiro e refrão cativante. “To Whom It May Concern” é aquela balada cheia de sacarina, trilhando o caminho mais melado possível. Chega a lembrar muita coisa que sua tia-avó escuta naquela FM de última categoria. Dá até pra imaginar o Gezisvágner do gás dedicando pra Josicrêude com todo amor e carinho. Na seqüência “Someone”, AOR de responsa, dá uma melhorada, figurando entre as melhores do play. Para fechar, a instrumental “Venus”, mais curta de todas, com outro show particular de Neal Schon.
Eclipse é um belo disco do ponto de vista técnico. Mas se ressente da falta justamente daquilo que transformou o Journey em uma banda gigante: as melodias fáceis e cativantes, capazes de agradar desde os ouvintes de rádio até a turma mais radical. Dava para ter feito isso conciliando com essa sonoridade menos ‘alegre’. De positivo, a qualidade superior dos instrumentistas e Arnel se saindo bem naquilo que lhe foi pedido, ou seja, imitar Steve Perry. Aguardemos o feedback dos fãs. E eu sigo imaginando o que Jeff Scott Soto poderia ter feito.
Nota 6
Arnel Pineda (vocals)
Neal Schon (guitars)
Ross Valory (bass)
Jonathan Cain (keyboards)
Deen Castronovo (drums)
01. City Of Hope
02. Edge Of The Moment
03. Chain Of Love
04. Tantra
05. Anything Is Possible
06. Resonate
07. She's A Mystery
08. Human Feel
09. Ritual
10. To Whom It May Concern
11. Someone
12. Venus
FONTE: BLOG VAN DO HALEN
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